Thursday 6 March 2008

Hampi, um museu a céu aberto

Uma imagem de um comboio superlotado traz automaticamente à nossa memória, a Índia. Esta era a imagem que tinha do sistema ferroviário deste país, uma rede de linhas férreas deixada pelo colonialismo britânico, onde poucas melhorias teriam sido feitas desde a década de 40 e que continuava apesar de tudo a ser a única solução de transportes levando à superlotação das carruagens.

O comboio, continua a ser o sistema de transporte por excelência na Índia. A aviação civil tem níveis de desempenho muito satisfatórios mas não consegue ter uma oferta de acordo com a dimensão populacional e os preços oferecidos são demasiado exigentes para os rendimentos médios dos Indianos.

Do sistema rodoviário, nem vale pena falar, basta ter em atenção que as vias rodoviárias estão pejadas de animais, as populações usam-nas para secar alimentos, não existe sistema de iluminação e um facto desconcertante, 80% dos automobilistas conduzem a tempo inteiro com máximos.

Antes de me aventurar nos comboios da Índia, pedi opinião algumas pessoas que já tinham viajado de comboio, maioria das opiniões foram favoráveis e portante fiquei tranquilo.

Esta tranquilidade durou até ao dia que entrei no comboio. As nossas caras eram de pavor, o comboio era apertado, cheirava mal, estava sujo e o seu aspecto global criava um sentimento de repulsa imediato. Começamos a rir compulsivamente e a tirar fotos do filme que estavámos a viver, poucos minutos depois todos os olhares nos tinham como destino.

Depois desta descrição deixem que vós diga que a viagem de regresso foi pior, sim é possível. Nas estações um cheiro nauseabundo a urina, as baratas entraram sem bilhete e como vizinho tinha um senhor que roncava que nem um suino.

A descrição feita levaria a inferir que tivemos um fim-de-semana ruinoso... A verdade é que foi magnífico com momentos para recordar vezes sem conta.
O comboio que nos levaria de Bangalore a Hampi
Já bem instalados no luxuoso comboio
Da estação de comboio para Hampi
Chegados a Hampi teríamos que encontrar uma guest house com condições de higíene mínimas. Após dois ou três sustos lá conseguimos alojamento. A mim coube desembolsar cerca de 1,60€ pela noite, nem consigo descrever o prazer que me deu pagar esta pechincha (ainda quero bater esta marca).

Hampi é atrevassada por um rio. Nesta cidade o álcool, o tabaco e a comida não vegetariana são extremamente difíceis de consumir sendo que os dois primeiros têm proibições oficiais. O lado do rio onde ficámos alojados tem alguns foras da lei e portanto lá conseguimos beber umas cervejinhas não tão geladas quanto gostaríamos (havia cortes de luz duas ou três vezes ao dia por períodos mais ou menos longos).

Viajar de comboio durante a noite tem uma vantagem interessante, chegamos bem cedo ao destino e todos pronto para começar a passear e conhecer o local, ninguém fica a preguiçar até ao meio dia.

A nossa visita começou bem cedo, o que nos permitiu visitar a grande maioria dos locais de interesse com a calma necessária.
Primeiro pequeno-almoço em Hampi no restaurante da nossa Guest House
Vista apreciada do rest. da guest house
Hampi está repleta de templos, esta cidade conta-nos uma história, cada pedra trabalhada é uma página de um livro repleto de mistérios, crenças e fantásias. Um verdadeiro museu a céu aberto. Quando esgotámos os templos decidimos ir comer qualquer coisa ao famoso restaurante Mango Tree, que nos tinha sido aconselhado por vários amigos. A comida estava boa mas para mim um belo repasto tem que ser acompanhado por carne ou peixe.

Atravessámos o rio quando o sol já nos ameaçava abandonar. Eu a Polli e o Zé fomos deitar-nos sobre uma pedra a contemplar o pôr-do-sol, um momento que me soube tão bem e que me relaxou tanto, que acabei por adormecer. Os mosquitos lembraram-se de estragar o nosso sossego e regressámos para jantar na guest-house.

Era a noite do André (Gabiru) cantámos-lhe os parabéns e estivemos um pouco na conversa mas o cansaço de um dia intenso não nos permitiu ficar até tarde como gostariamos.
Me, Zé, Pollyana e Rafaela
Eu e o André com a turma toda
Breve pausa
Almoço em Mango Tree Contemplando o pôr-do-sol
Eu depois de uma bela soneca
No dia seguinte e já cansados de visitas culturais queriamos era pagode e descanso. Dormimos até um pouco mais tarde e tomámos o pequeno-alomoço relaxados. Com um dia quente decidimos ir até uma barragem para convivermos e aproveitar o sol.

Faltava-nos visitar um templo importante e com fama de uma vista fantástica: o templo dos macacos. Aqui iriamos presenciar o momento da semana. Como todos sabem os macaquinhos são ladrões natos. A Rafaela transportava a nossa água quando um macaquinho lhe saltou em cima da garrafa tentando roubá-la. A Rafa com reflexos muito rápidos empurrou o macaco e não satisfeita começou uma luta com o macaco tentando desferir-lhe golpes letais com uma garrafa de dois litros de água... Nós tentámos acalma-la até que a Rafa chateada largou a garrafa e disse ao macaco “ É isto que queres então fica com ela” Nós depois de uma luta de coragem da Rafa não iamos ficar sem água né? Até abandonarmos o templo a Rafa ainda seria vitíma de mais umas tentativas de assalto mas todas frustadas.



Mergulho na barragem
me@ monkeytemple


A calma de Hampi soube-me muito bem já não me lembrava de fechar os olhos e sentir silêncio. A Índia é famosa no exterior pelas suas técnicas de ioga e relaxamento mas a realidade que vivo é de uma Índia ruidosa, onde ter um minuto de silêncio torna-se uma utopia. Pude descansar e ter o sossego para pensar, estar um pouco sozinho desfrutando os meus sonhos e as minhas paixões.




4 comments:

Ricardo Silva said...

Porquê? Porquê? Porque é que eu tenho que trabalhar aos sábados...

Voces nao param: Hampi, Deli e Goa em tres semanas seguidas...

posso passar aos insultos?

grande abraço e até jáaaaa!

Simãozinho, o Bife said...

Epah, ó Ricardo, pára de te queixar...Trabalhar ao sábado é uma coisa perfeitamente normal. Eu próprio faço isso. Que choramingas...

Tisha said...

Tadinho do Ricardinho... tu trabalhar ao sábado, trabalhas! Mexes-te na cama, só se for :P

Jaime... o que te hei-de dizer?! Vou continuar a rezar por vocês ... :P

Anonymous said...

Imagens Fantásticas que falam por si...Saudades...Sara*