Saturday, 26 April 2008

O deslinde da impermanência

Um olhar pela Janela e um estrangulamento de raiva rouba-me o fôlego. Um fragor que me atormenta e uma revolta que me faz apertar as têmporas com vontade de exorcizar deambulações perversas e obsessivas.

Um apetite ferino corre-me nas veias, o coração filtra-me o sangue e acabo por devolver uma carícia sentida, genuína e inebriante.

A imutabilidade é um desejo humano, o desejo da jovialidade permanente, a vontade de eternizar uma paixão de alma. Pobre é aquele que não se frustra com o deslindar da impermanência de um estado estático, morre num congelamento da alma, condena-se à ignorância dos sentidos e da vida.

Esta felicidade que sinto é fruto de uma transitoriedade cruel e sangrenta que me alimenta, que me lança num universo de sensações.

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